Carnaval de Florianópolis: apuração termina em pancadaria e acusações de racismo

A apuração dos votos que consagrou a escola União da Ilha da Magia como a campeã do Carnaval 2024 em Florianópolis terminou em confusão e acusações de racismo, nesta segunda-feira (12).

Acusações de racismo

Franciele Cristina Rebelo, integrante da agremiação Unidos da Coloninha,  conta que, durante a confusão entre as escolas, ela teria se aproximado do presidente da escola campeã e feito um comentário sobre a “falta de respeito” com a agremiação, que foi 3ª colocada. A União da Ilha da Magia nega.

Segundo ela, Rafael Braz de Souza, presidente da União da Ilha da Magia, teria a chamado de “macaca”.

“Eu estava conversando tranquilamente, ele olhou na minha cara e falou: ‘Eu posso te chamar de macaca. Macaca! Porque vocês me chamam de branco’, aí a confusão começou a rolar. Todo mundo a minha volta ouviu. Isso para mim não dá”, relembrou Franciele, em entrevista à NDTV Record.

Na foto, mulher negra, usa blusa de estampa étnica e bolsa a tira colo, fala em frente a microfone

Franciele Cristina Rebelo é integrante da escola Unidos da Coloninha e afirmou ter sido vítima de racismo – Foto: NDTV

“A gente sofre isso todos os dias. Não é um dia, são todos os dias. Não sei que tipo de preconceito eles têm com a nossa cor, não sei o que eles sentem quando veem a nossa cor, chegar para mim e falar: ‘Eu posso te chamar de macaca? Porque vocês me chamam de branco’. Em nenhum momento chamei ele de branco e nem faltei com respeito com ele”

União da Ilha da Magia nega racismo e relata agressão

O ex-presidente da escola campeã, Valmir Braz de Souza, mais conhecido como Nena, afirmou que o filho dele, e atual presidente da escola, foi agredido por pessoas que não aceitaram o resultado da votação.

“Em momento nenhum vou responsabilizar uma coirmã pelo fato lamentável que ocorreu no fim das apurações. Nós estávamos vindo para a Lagoa da Conceição para fazer uma festa e houve um conflito de pessoas que não aceitaram o resultado, por isso não quero falar em agremiação”, explica o ex-presidente.

Nena conta ainda que a escola chegou a solicitar reforço policial para a festa de comemoração da noite desta segunda-feira (12), após as ameaças, mas nega as acusações de racismo. Ele não citou nomes.

“Não vou responsabilizar uma agremiação, mas houve um conflito. Pegaram nosso presidente e bateram no rosto, tentaram quebrar nosso troféu. Nossa disputa é na avenida, somos coirmãs. Fomos acusados de racismo, em momento nenhum fizemos comentários racistas”, completa.

Pessoas reunidas ao redor de uma mesa, em frente a computadores, durante apuração de escolas de samba do carnaval de Florianópolis

Apuração das notas do desfile das escolas de samba ocorreu nesta segunda-feira (12), no Complexo Nego Quirido – Foto: Felipe Bottamedi/ND

União da Ilha da Magia pode não participar de desfile das campeãs

A diretoria da escola campeã diz que está em contato com a Liesf (Liga das Escolas de Samba de Florianópolis) após a situação a fim de garantir a segurança no desfile das campeãs, previsto para terça-feira (13).

“Não sei como vai ser o desfile das campeãs, estamos descobrindo com a Liesf sobre isso. Pode ter a possibilidade da União não desfilar se todas as ameaças que nos fizeram se concretizarem. Estamos buscando toda a segurança possível”, completou Valmir Braz de Souza.

Coloninha diz que tentou impedir briga envolvendo membros da escola

À NDTV Record, o diretor de carnaval da Unidos da Coloninha, Thiago Martins, falou sobre a situação e disse que a diretoria tentou intervir na briga.

“Houve, por parte da nossa comunidade, uma reclamação muito grande de alguns atos racistas para algumas pessoas, o que gerou essa revolta popular. Quero deixar claro que ninguém danificou carro de ninguém, ninguém estragou carro de ninguém. Teve um integrante deles [União da Ilha da Magia] que tentou atropelar nosso pessoal com carro”, relembrou.

Em nota, a Coloninha lamentou o episódio de pancadaria após a apuração e disse que desconhece “qualquer agressão” cometida por “componentes da escola”. Leia o posicionamento na íntegra:

“A Direção da SRC Unidos da Coloninha lamenta profundamente os fatos ocorridos após a apuração dos desfile das escolas de samba, na tarde desta segunda-feira.

De acordo com as versões recebidas, desconhecemos qualquer agressão realizada por componentes da escola, porém temos conhecimentos de atos relacionados inclusive a racismo durante a briga.

As pessoas lesadas já procuraram os meios competentes para encaminhar o ocorrido, onde desejamos que as autoridades policiais tomem todas as medidas necessárias.

A SRC Unidos da Coloninha repudia qualquer ato de violência, mas entende que após um resultado injusto os ânimos tenham ficado exaltados, não havendo qualquer incitação da agremiação nesse sentido”, diz a nota.

 

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