Decreto do golpe e carteira de trabalho: foliões esbanjam criatividade em fantasias pelo país

Atual cenário da dengue também inspira foliões; veja fotos
Uma mulher com roupa de presidiário, com o número 171 na altura da barriga, exibe um cartão escrito Decreto do Golpe

Foliona Cristina Riggitano, em bloco do Rio, com sua fantasia inspirada em operação da Polícia Federal

Em blocos espalhados pelo país, foliões botaram a criatividade para sair às ruas. O ex-presidente Jairo Bolsonaro (PL) foi um dos alvos principais das graças exibidas em fantasias, que também brincavam com o atual cenário da dengue e até com a necessidade de emprego.
“A mais criticada, porém a mais amada”, brinca a redatora e roteirista Maíra Athayde, 36, ao explicar sua fantasia de carteira de trabalho em bloco no Rio
A inspiração da fantasia, conta ela, surgiu a partir do debate que passou a perceber entre a geração mais nova. Se era melhor a autonomia de freelancer ou a estabilidade garantida pela CLT.
“A CLT é um direito pelo qual a gente lutou por muito tempo. Se hoje ela está desatualizada ou não é compatível com os novos tempos, cabe a nós lutar para mudá-la”, diz.
Um grupo de mulheres usando uma espécie de camisão com a imagem de um imenso passaporte com uma tarja ao meio; elas sorriem e são cercadas por uma multidão

Grupo exibe sua conjunto de fantasias de passaporte cancelado, no Rio

Athayde ainda brinca que ela, como freelancer, está usando para atrair uma contratação definitiva.
“Dizem que sou lenda, mas estou aqui para provar que eu existo”, brinca, entrando no personagem.
A operação da Polícia Federal desta semana, que mirou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados por tentativa de abolir o estado democrático de direito, também foi lembrada pelos foliões no Carnaval.
Um grupo de mulheres usando uma espécie de camisão com a imagem de um imenso passaporte com uma tarja ao meio; elas sorriem e são cercadas por uma multidão
Grupo exibe sua conjunto de fantasias de passaporte cancelado, no Rio – Folhapress
A pesquisadora Natashe Monte, 36, se reuniu com os amigos para sair de passaporte apreendido do ex-mandatário.
“A gente estava no bar e ficamos conversando sobre a operação e o que tinha acontecido. Pensamos até em sair de pepita de ouro”, diz a Monte, fazendo referência ao que foi apreendido na casa do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, preso na última quinta-feira (8).
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A pesquisadora completa: “Mas a gente decidiu que queremos fazer todas as etapas até Bolsonaro for preso. Vamos comemorar”.
A foliona Cristina Riggitano foi outra que se inspirou na operação da Polícia Federal de quinta-feira. Na fantasia, com roupa de presidiária, ela segurava uma pasta com a frase “decreto do golpe”.
Uma mulher com roupa de presidiário, com o número 171 na altura da barriga, exibe um cartão escrito Decreto do Golpe
Foliona Cristina Riggitano, em bloco do Rio, com sua fantasia inspirada em operação da Polícia Federal – Folhapress
A inspiração para uma fantasia de carnaval foi quase imediata quando o economista Henrico Angelo, 26, soube da operação da Polícia Federal contra o ex-presidente.
“Queria uma fantasia que dialogasse com a realidade e que também fosse interativa”, afirma ele, que é morador de São Paulo e participava da folia na região de Pinheiros, zona oeste.
A fantasia faz alusão aos mandados de busca e apreensão cumpridos pela PF. A frase “toc, toc, toc. Quem é?” estampa uma placa em formato de porta pendurada no pescoço de Angelo. “É a Polícia Federal”, diz a mensagem no interior.
O folião conta que a ideia simples tem funcionado para atrair a atenção na festa. “Estão todos entusiasmados com a verdade vindo à tona”.
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